Câncer na retina: conheça os sinais de alerta
- carolina satie kita
- 17 de dez. de 2024
- 4 min de leitura

O câncer de retina, apesar de ser raro, é uma grave condição oftalmológica.
O diagnóstico precoce está diretamente associado a altas taxas de cura e melhores prognósticos, especialmente quando o tratamento ocorre antes do tumor se espalhar para outras partes do corpo.
Portanto, identificar os sinais de alerta é fundamental, não apenas para preservar a visão, mas também para salvar vidas.
O que é o câncer na retina e quem pode ser afetado?
O câncer que afeta diretamente a retina é conhecido como retinoblastoma, um tumor maligno que se origina nas células da retina.
É o câncer ocular mais comum em crianças, geralmente diagnosticado antes dos cinco anos de idade.
O retinoblastoma pode ser hereditário ou esporádico, afetando um ou ambos os olhos.
Além do retinoblastoma, outros cânceres podem impactar a retina indiretamente, como:
Melanoma de coroide: um tumor maligno que se desenvolve na coroide, camada vascular situada entre a retina e a esclera. Embora não se origine na retina, pode afetá-la devido à proximidade anatômica;
Linfoma intraocular primário: geralmente um linfoma não-Hodgkin de células B que afeta o vítreo e a retina, mais comum em adultos com sistema imunológico comprometido.

Imagem adaptada de Medical Tours
Quais são os fatores de risco para o câncer na retina?
Cada tipo de câncer que afeta a retina possui fatores de riscos específicos, confira abaixo:
Retinoblastoma
Predominantemente em crianças menores de 3 anos;
Aproximadamente um terço dos casos resulta de mutações no gene RB1, que podem ser herdadas dos pais. Crianças com essa mutação têm 50% de chance de transmiti-la aos descendentes.
Melanoma de Coroide
Indivíduos com pele, cabelos e olhos claros são mais suscetíveis;
Maior incidência em pessoas acima de 50 anos;
Mutações no gene BAP1 estão associadas ao desenvolvimento desse tumor;
Exposição à luz ultravioleta.
Linfoma intraocular primário
Maior incidência em pessoas entre 50 e 60 anos;
Condição comum em pacientes que utilizam medicamentos imunossupressores, como transplantados, ou em pessoas com HIV/AIDS;
Pacientes com doenças autoimunes podem apresentar maior predisposição;
Infecção pelo vírus Epstein-Barr (associado a um risco aumentado de linfomas em geral);
Pessoas com linfoma em outras partes do corpo possuem maior chance de desenvolver a forma intraocular.
Quais são os principais sinais de alerta do câncer na retina?
Os sinais de alerta para cânceres que afetam a retina variam conforme o tipo de tumor.
Entenda abaixo os principais sinais para cada tipo:
Retinoblastoma (mais comum em crianças)
Reflexo branco na pupila, frequentemente observado em fotografias com flash, conhecido como "reflexo do olho de gato";
Estrabismo;
Redução da acuidade visual ou até perda completa da visão no olho afetado;
Vermelhidão, inchaço ou mudanças na coloração da íris;
Dor ocular em casos avançados.
Melanoma de Coroide (comum em adultos)
Visão embaçada, perda de campo visual ou visão distorcida (metamorfopsia);
Manchas escuras no campo de visão;
Descolamento da retina em casos avançados;
Dor ocular.
Linfoma Intraocular Primário (mais comum em imunocomprometidos)
Visão turva gradual ou repentina, sem causa aparente;
Manchas flutuantes no campo visual;
Olho vermelho e dolorido;
Sensação de pressão ocular.
Como realizamos o diagnóstico dessa condição?
Inicialmente, realizamos uma fundoscopia ou mapeamento de retina, utilizando um oftalmoscópio para examinar diretamente o fundo do olho e identificar possíveis anomalias.
Para complementar essa avaliação, podemos solicitar exames como a ultrassonografia ocular, que utiliza ondas sonoras para criar imagens das estruturas internas do olho, auxiliando na detecção de tumores e na avaliação de seu tamanho e localização.
Outro exame importante é a angiografia com fluoresceína, que envolve a injeção de um corante fluorescente na corrente sanguínea para visualizar os vasos sanguíneos da retina e identificar possíveis alterações ou lesões.
Em alguns casos, podemos fazer fotografias em série do fundo do olho para monitorar a progressão de lesões suspeitas ao longo do tempo.
Esses exames nos permitem obter uma compreensão abrangente da saúde ocular do paciente e identificar precocemente a presença de tumores na retina.

Quais são as opções de tratamento disponíveis?
O tratamento do câncer de retina depende do tipo específico de câncer, da localização, do estágio da doença e da saúde geral do paciente.
As opções de tratamento mais comuns incluem:
Cirurgia
A remoção do tumor pode ser realizada por meio de uma cirurgia chamada vitrectomia, que envolve a remoção do vítreo (substância gelatinosa dentro do olho) ou da retina afetada.
Quando não é possível preservar o olho ou a visão, pode ser necessária a enucleação, que consiste na remoção completa do globo ocular.
Quimioterapia
Uma das abordagens mais comuns para tratar o câncer na retina é a quimioterapia.
Utilizamos esse tratamento para reduzir o tamanho do tumor, facilitando a aplicação de terapias locais.
Podemos administrar a quimioterapia de forma sistêmica ou diretamente na artéria oftálmica.
Radioterapia
A radioterapia pode ser usada para tratar tumores localizados na retina ou no fundo do olho.
Ela pode ser aplicada de forma externa (radioterapia de feixe externo) ou interna (braquiterapia), onde fontes radioativas são colocadas próximas ao tumor.
Terapia fotodinâmica
Esse tratamento envolve o uso de um medicamento sensível à luz, que é ativado por uma luz especial para destruir células cancerígenas.
Laserterapia
O laser pode ser usado para destruir o tumor ou reduzir seu tamanho, sendo uma opção em tumores pequenos e localizados.
Terapia com medicamentos antiangiogênicos
Certos medicamentos podem ser usados para bloquear o crescimento de novos vasos sanguíneos que alimentam o tumor, ajudando a reduzir o crescimento tumoral.
Reforçamos que a escolha do tratamento é feita de forma individualizada, levando em conta a preservação da visão e a minimização dos efeitos colaterais.
Além disso, é necessário trabalhar em equipe com suporte de oftalmologistas e oncologistas especializados, levando em consideração as características do tumor e o estado geral de saúde do paciente.
Então, em caso de sintoma associado ao câncer de retina, agende uma consulta com a oftalmologista o quanto antes para preservar sua saúde ocular.